Exemplares de 1940 e 1960 fazem parte do acervo do morador de Santos.
Português aposentado João André de Ponte tem orgulho da coleção.

Um português apaixonado por rádio tem uma coleção com cerca de 200 exemplares antigos em funcionamento em Santos, no litoral de São Paulo. O gosto pelo objeto começou em terras brasileiras, no interior do Estado de São Paulo, mas foi no litoral que ele teve a oportunidade de reformar algumas raridades que eram consideradas sucatas em ferros velhos.

Ainda menino, João André de Ponte saiu de Portugal e veio morar com o pai em um sítio em Presidente Prudente, interior de SP. Lá, foi apresentado ao rádio e passou momentos inesquecíveis ao lado de vários exemplares. “Quando eu tinha 13 ou 14 anos eu ia para a casa do vizinho para ouvir rádio. A gente morava no sítio e tinha aqueles programas de música sertaneja. Às vezes, a gente ia no escuro, andando até 1 km para chegar na casa do vizinho e escutar rádio. Escutávamos os programas na Rádio Tupi e na Rádio Nacional, e das 20h às 22h, era só música sertaneja, cada dia da semana tinha uma dupla. Todo mundo curtia, era muito gostoso, era uma delícia, a gente viciava”, conta João.

Os anos se passaram e ele teve a oportunidade de ter um aparelho em casa. “Sempre tivemos muita dificuldade de ter rádio. Meu pai, em 1958, o primeiro rádio que comprou foi um Semp. Foi o rádio mais vendido na época. E a paixão foi crescendo mais, mais e mais”, conta. Já adulto, mudou para Santos, mas sempre com um rádio a tira colo. Ele virou biólogo e seguiu na profissão trabalhando dentro de hospitais. Quando se aposentou, decidiu que iria dedicar a sua vida ao conserto e restauração de rádios antigos e que guardam parte da história da comunicação do Brasil. “Eu me aposentei e comecei a fazer essas coisas, há uns 10 ou 12 anos”, conta João André, que atualmente tem 69 anos.

Na casa do aposentado há exemplares por toda a parte. Ele encontra muitas raridades em bazares, feiras, ferros velhos e até no meio do lixo de carroceiros. “Eu perdi muita coisa, mas ainda tenho rádios aqui que eu comprei em 1960, ainda tenho a nota fiscal dele. Mas hoje temos muita dificuldade de encontrar as peças. É difícil, principalmente os rádios a válvula. Ainda encontro, mas são usados e muito caros”, conta ele.

O biólogo aposentado, com conhecimento em eletrônica e montagem de rádios, resgata a aparência e também o som de muitos aparelhos que pareciam estar destruídos. A esposa, Maria Irene de Ponte, de 62 anos, revela que no começo foi difícil aceitar essa paixão do marido. Ela conta que para arrumar os aparelhos, João faz vários testes de som e o barulho é muito alto, tanto que ela prefere fechar a porta da cozinha e deixar João e os rádios no quintal. “E também, às vezes, ele deixa de passear para ficar consertando rádios”, fala Irene

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